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Para ler: autores internacionais que você precisa conhecer

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Ler é maravilhoso, todo mundo sabe ou deveria saber disso. Mas já repararam como às vezes acabamos ficando presas em certo tipo de padrão nas nossas vidas? Se a gente adora a comida de um restaurante, passa a comer lá sempre, sem dar chance para outros. Se gostamos das estampas de uma loja, de repente ela passa a ser a única que existe e nem damos bola para outras que possam surgir.

Na literatura é a mesma coisa. Sem perceber, notei que só estava lendo livros escritos por autores de língua inglesa ou que se passavam nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Como o legal da vida é quebrar padrões e se surpreender, fiz essa pequena seleção com autores internacionais que você precisa conhecer, explorando outras obras bem legais para quem, assim como eu, também está “sofrendo desse mal”.

Haruki Muramaki

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Não dá pra começar essa lista sem falar de um fenômeno recente no mundo editorial que vem diretamente do Japão: Haruki Muramaki. Seu grande feito foi ter conseguido aproximar a suas raízes com a cultura ocidental. Não é a toa que seus livros são sucesso absoluto tanto no Japão quanto no resto do mundo. Experimentalismo, mundos imaginários e cultura pop (como seuslivros com nomes de canções famosas) são encontrados em sua série 19Q4, enquanto no seu romance Norwegian Wood, faz um retrato extremamente verossímil sobre a juventude japonesa e a depressão, com uma de suas personagens mais complexas, a jovem Naoko.

Pequena, porém interessante curiosidade sobre Muramaki: Ele escreveu seus dois primeiros livros enquanto trabalhava em um bar de jazz que abriu com a esposa enquanto os dois faziam faculdade de Artes Cênicas, o Peter Cat. Demais, né?

Kazuo Ishiguro

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Outro conterrâneo de Muramaki que vale a pena conhecer e um dos meus autores favoritos da vida é o Kazuo Ishiguro. Tenho que confessar que nesse momento vou roubar um pouco: Apesar de ter nascido no Japão, aos seis anos ele mudou-se com a família para a Inglaterra e por isso escreve em inglês. Mas isso não impediu que a cultura nipônica tivesse uma grande influência na sua vida, por isso ele está aqui.

Você deve conhecer o livro mais famoso dele, Não me Abandone Jamais, que virou um filme em 2010 com a Keira Knightley e a Carey Mulligan. Com ares de ficção científica, o romance fala com uma incrível sensibilidade sobre perdas, escolhas e principalmente sobre o tempo. É sinceramente o livro mais emocionante que li na minha curta vida (pausa para contar que terminei de ler aos prantos no meio do metrô na hora do rush).

O mais legal é que depois de 10 anos de espera, Kazuo Ishiguro acaba de lançar seu novo livro, O Gigante Enterrado, dessa vez uma história de fantasia medieval, algo que ele nunca tinha feito antes. A obra promete contar com toda a sensibilidade da sua escrita com um cenário bem diferente do que seus leitores estão acostumados. Eu já estou com o meu aqui, só esperando na minha fila interminável de leituras – quem também tem esse problema?

Jhumpa Lahiri

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Pode rolar outra exceção? Jhumpa Lahiri nasceu nos Estados Unidos, mas como o nome deve ter mostrado, é descendente direta de indianos. A cultura sempre fez parte da sua vida e suas histórias remetem justamente a questões como aculturação, imigração e viver longe das suas raízes. Com suas histórias nem sempre trazem finais felizes, mas são muito reais, com personagens complexos, normalmente estão presos entre a tradição e o mundo contemporâneo, longe de casa, em que escolheram viver.

Jhumpa já ganhou inúmeros prêmios e até veio para a FLIP ano passado. Seu livro mais conhecido, uma coleção de contos chamada Intérprete de Males, que fala da vida de diferentes tipos de imigrantes indianos, ganhou o Pulitzer (equivalente ao Oscar do mundo dos livros) em 2000.

Arnon Grunberg e Tommy Wieringa

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E os holandeses? Já leu algo deles? Pois é, mas eles estão chegando com tudo aqui no Brasil. Arnon Grunberg e Tommy Wieringa estão mais do que confirmados para a primeira edição brasileira da Café Amsterdã (26/08 – 30/08 em São Paulo, 01/09 – 04/09 no Rio), evento organizado pela Fundação Holandesa de Letras. Os dois representam o que há de mais legal na literatura holandesa contemporânea e vão chegar às prateleiras brasileiras mês que vem.

Arnon é autor de Tirza, uma obra complexa sobre paternidade que vem sendo considerado o maior romance holandês dos últimos tempos. Tommy é autor de Joe Speedboat, uma história estilo coming-of-age sobre a vida de jovens em uma pacata vila rural, que muda completamente com a chegada do personagem que dá nome ao título.

Outra que holandesa vem também é Barbara Stok, quadrinista in-crí-vel, responsável pela graphic novel Vincent, sobre a vida do pintor Vincent Van Gogh, que já falamos sobre no post sobre quadrinhos.

Milan Kundera

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Ainda na Europa, como não falar de Milan Kundera, tcheco responsável por uma das maiores obras do século XX, A Insustentável Leveza do Ser (sim, o que deu origem ao filme). Publicado pela primeira vez em 1984, fala sobre a vida, os amores e os desencontros de quatro adultos bem diferentes, mas unidos de alguma maneira, em meio a Primavera de Praga. Um livro incrível que traz reflexões sobre amor, sexo, relacionamentos, ideologias e as relações humanas.

Quem gosta de filosofia, também não pode deixar de ler, já que Milan levanta inúmeras questões (que fazem a gente refletir dentro do ônibus) e até desafia o pensamento de Nietzsche. Apesar de esse ser seu trabalho mais notório, ele também escreveu outros livros ótimos, incluindo o novo e maravilhoso A Festa da Insignificância, publicado ano passado depois de uma pausa de quase quinze anos.

E mais um monte para você procurar…

Além de clássicos como Mario Vargas Llosa, Borges, Isabel Allende, Julio Cortázar e Gabriel García Màrquez, os países sul-americanos tem produzido muita coisa legal também. Caso dos argentinos Andres Neuman, Samanta Schweblin e Pola Oloixarac , ambos na lista da Granta, que elege todo ano os melhores autores em diferentes categorias. A deles, é claro, foi de melhores autores jovens de língua espanhola.

Pola, autora de As Teorias Selvagens, foi alvo de vários comentários machistas na época do lançamento do livro, que até afirmavam que o ele tinha sido escrito por um homem e não por ela, afinal, uma mulher bonita aparentemente não pode ser inteligente também. Muitas dessas críticas, na verdade, vieram já que seu livro fala da verdade que ninguém queria ouvir sobre o passado recente da Argentina, durante sua ditadura. Ao tocar nessa grande ferida, ela acabou pagando por isso. O que importa é que ninguém conseguiu frear seu sucesso e ela até veio para a FLIP em 2011.

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