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Festival de looks clichês

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Desde o final dos anos 60, os festivais são plataformas de exploração de identidade de forma intensa, seja em cima do palco através da música, seja na platéia através da modas e hábitos. Dá mesma forma que Woodstock em 1969 apresentou novos sons e tendências culturais, os festivais de música que o seguiram se assemelharam por serem eternos marcadores de tendências comportamentais de gerações específicas.

É algo bem lógico, se você pensar que o público jovem, maioria nesses eventos, é o maior responsável pela criação e estabelecimento dessas tendências. Por isso, os estudiosos e produtores de moda sempre tiveram nos festivais um centro de referência do que viria a acontecer. Ótimo, né? Mais ou menos.

Lembro bem quando, há alguns anos, as fotos do Coachella apareceram com looks e mais looks inspiradores, desses que se viessem com um botãozinho de “comprar” tinham quebrado a internet. Não demorou muito para que as marcas começassem a beber dessa fonte e, como um adolescente de recém-feitos 18 anos, ficassem totalmente embriagadas com shots de ~tendência~. Elas interpretaram tudo errado e entraram na função de replicar os looks literalmente, perdendo a ideia de que eles representavam movimentos pessoais de autoafirmação e liberdade.

Hippie chic Vanessa Hudgens and boyfriend Austin Butler attend day one of weekend two of the Coachella Music Festival in Indio Coachella - Fruttare Hangout - Day 2 Coachella Music Festival Day 1 coachella 4 coachella 5

Os próximos Coachella – e depois, todos os outros festivais – passaram de lançadores de tendência para uma grande repetição de clichês de moda sem início, fim ou coerência. Ao invés de vermos a platéia recheada de novas ideias e formas autorais de observar a moda, passamos a ver uma espécie de dresscode-fantasia sem a menor pinta de original ou pessoal. É só olhar as fotos dos festivais para saber o que estará nas lojas nos meses seguinte (mesmo que sejam cocares de índio), como se fossem um catálogo preview das coleções de verão.

(Vale dizer que, se os festivais marcam as tendências comportamentais de uma geração, talvez a atual realmente seja marcada pela preguiça de explorar a própria identidade, endossada pela velocidade das fast fashion e pela facilidade de replicar a personalidade alheia que lhes parece mais interessante.)

E por que a gente não gosta disso?

Porque roupa é identidade. Escolher o que vamos vestir é decidir como queremos ser vistos e interpretados. É importante que a nossa roupa reflita quem a gente é e quem a gente tem vontade de ser. Não acham?

A música sempre foi um recurso catártico para se reconhecer e encontrar o próprio lugar no mundo, uma forma de expressar nossa personalidade, assim como a moda. Sem dúvida, os festivais de música foram muito importantes nesse aspecto e, hoje, deveriam voltar a ser (com perdão pelo trocadilho) um grande palco de experimentação de moda. Afinal, é muito mais fácil e seguro explorar a sua identidade em um ambiente livre de julgamentos do que, por exemplo, no seu ambiente de trabalho – certo?

Fica aqui então um pequeno apelo para celebrar o Dia Mundial do Rock, esse lindo sempre responsável por grande parte da cultura da moda, e para começar a contagem para o (nosso festival) Rock in Rio 2016: vamos ser nos vestir de nós mesmos, por mais esquisitos que desejemos ser? Vamos!

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