Aqui vão duas séries da Netflix divertidas, apaixonantes e, ao mesmo tempo, poderosas o suficiente para te fazer pensar: Dear White People e Master of None.
A gente ama uma série problematizadora. Se ela sair dos padrões hollywood de produção, filmagem e texto, então, é provável que ganhe nosso coração de imediato. Foi assim com Big Little Lies da HBO e foi assim com duas séries que estão prontinhas para serem “maratonadas” na Netflix: Dear White People e Master Of None.
Duas séries que se propõem a discutir raça, privilégio, estereótipos e, ao mesmo tempo, serem opções maravilhosas de entretenimento com amor e comédia na medida.
Dear White People/Cara Gente Branca
Dear White People ou Cara Gente Branca é uma dessas séries que vai, sim, colocar o dedo na ferida e distribuir alguns tapas na cara da sociedade, mas não sem antes contar ótimas histórias e te divertir. Em apenas 10 episódios de 20epoucos minutos, Cara Gente Branca apresenta um formato bem maneiro para contar um pouco sobre a vida dos alunos negros de Winchester, uma universidade predominantemente branca.
O grande fio condutor das histórias é o programa de rádio da universidade, homônimo da série, comandado por Sam – uma garota ativa e militante da causa negra. A partir daí, vemos as conquistas, dores, ambições, amizades, relacionamentos, amadurecimento e desamores de garotos e garotas da faculdade. Vemos o dia a dia da galera que vive tudo isso enquanto tem que lidar com racismo, silenciamento, injustiça social e aspectos complexos da própria cultura.
“Cara Gente Branca, a cor da nossa pele não é uma arma. Você não tem que ter medo dela” _ Sam White de Dear White People
A série se propõe a ser um reflexo da cultura racista moderna e toca em assuntos que permeiam a comunidade negra como o colorismo, as diferentes forma de ativismo, os limites do envolvimento político, a apropriação cultural e o sistema de desvantagem baseado na raça.
Cara Gente Branca pode ser especialmente incômoda para quem insiste em dizer que tais assuntos são vitimismo ou mimimi ou qualquer outra expressão que pretenda deslegitimar uma luta. Mas é sim, extremamente divertida e prazerosa de assistir para quem está afim de ver boas histórias e ainda repensar a própria posição no mundo com mais empatia.
Vale ler o texto da Karla Lopes sobre Dear White People.
Master of None
Master of None chegou à segunda temporada na Netflix com uma “agenda” mais madura do que a primeira. A série conta a história de Dev, um ator de 30 anos de Nova Iorque, descendente de indianos, em busca de sucesso na carreira e nos relacionamentos. MoN tem uma estrutura típica de série “sobre as desventuras de um cara e as mulheres com as quais ele se relaciona”, principalmente na primeira temporada.
A diferença é que costumamos ver essa história ser contada por e sobre um homem branco – e é aí que a série ganha nuances interessantes.
A segunda temporada continua falando sobre a vida de Dev, mas dessa vez, expõe um cenário muito mais questionador das questões de raça, cultura, performance de gênero, sexualidade e diversidade. Os episódios tocam nesses assuntos de formas diferentes e se aproveitam de diversos diretores para contar as histórias, o que faz com que cada um deles seja quase uma peça artística. Destaque especial para os episódios dirigido pela nossa musa Melina Matsoukas que são especialmente imperdíveis.
Master of None tem história de amor e momentos ótimos de comédia, mas sem deixar a bola da discussão sobre pertencimento cair. Os personagens em volta de Dev falam sobre confiança e de como ela é importante para quem faz parte de uma minoria.
A série também oferece alguns tapas na cara e apresenta discussões importantes, enquanto faz a gente torcer pela felicidade dos personagens que gostamos.
vale ler esse post da Stephanie Ribeiro a respeito da representação feminina na série.
Tanto Master of None quanto Dear White people são sobre como a “televisão” deveria refletir mais a vida que a gente leva na realidade e não apenas a visão homem-branco-hétero do mundo. E ó: pra sentar, ligar a Netflix e assistir tudo de uma vez.
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