Por mais que tente, chuva não desbota flor. Uma lista de poetas contemporâneas. Pra devolver o ritmo da sua leitura. E do seu coração.
“A felicidade é muito mais desconcertante que a dor” escreveu a Bruna Beber e lembro agora, assim, de cabeça, bem rápido, enquanto penso em escrever sobre a minha poeta favorita. Que não é ela. Ao menos não somente. Porque Ana C. chega batendo a porta, senta no teclado “Se você me ama, por que você não se concentra?” É verdade. Hilda Hist, a felina, derruba – literalmente – minha coleção de corações.
“Como se te perdesse, assim te quero. Como se não te visse (favas douradas sob um amarelo) assim te apreendo brusco, inamovível, e te respiro inteiro.” Aproveito e digo em um áudio meio rouco no Whatsapp, omitindo que ela escrevia olhando um relógio sem ponteiros onde se lia que é mais tarde do que supões. “Meus afetos jorram por todo o canto, meus desafetos vazam entre as quinas, nasci sem freio” Elisa Nazarian. Preferida? Uma só? Este texto está se tornando um jogo, lembro o poema, te escrevo, rio, por que mesmo guardei na gaveta da memória essas palavras? “Vamos perder o contato? já que não há motivo para mantê-lo. Por meio de encontros e recados. Se a cada dia acordamos outro e não vamos manter nem em sonho nosso outro de ontem” chega um abraço de Ana Guadalupe. Que sorri para Matilde Campilho “É no verde dos teus olhos que eu treino a disciplina de uma explosão sossegada.” Copio em letra de forma. Quero mandar para aquele homem desamado. Ou não.
“Tristeza é amiga da onça. Ensina a enfrentar leões”. Karina Buhr cantou e nunca mais esqueci e de vez em quando repito, repito na mesa de bar e nas letras eletrônicas que envio com esperanças de que pisquem com dois risquinhos azuis. Sabe aqueles? Então um sussurro. “Eu estaria mentindo se dissesse que você me deixa sem palavras. A verdade é que você deixa minha língua tão fraca que ela esquece a linguagem que fala” Rupi Kaur, deusa. Outras. Quero mais. Sou dessas que se afogam. “Bendita é a palavra que atravessa meu deserto e ultrapassa meu silêncio”, diria Maria, a Rezende enquanto abro livros, sirvo vinhos, acendo velas, clichê aos domingos é sempre tão bom. “Quando pensam que morri, renasço nas mãos de uma mulher”? Elizandra Souza. Suspiro, quer mais vinho? “Carrego comigo o legado de minha mãe, de minha avó. E de tantas outras que me antecederam. O grito que carrego também é delas.” Jenyffer Nascimento, poeta ventania. “A noite não adormece nos olhos das mulheres”, avisa Conceição Evaristo, peço, ensina a ser eu, amiga. Nina Simone começa a dançar na sala. “Now listen honey while I say”. Isso não é poesia?
Quem te disse? A poesia não está nas palavras, tampouco fica na livraria dentro dos livros. A poesia está naquele momento em que um olho bate no outro, em que o bebê sorri pela primeira vez, em que seu corpo sente o sopro da vida, em que a planta nasce, o gato mia, as horas passam descuidadas. A poesia brota quando ninguém vê, quando as poetas e nós, mortais, estamos no banho ou passando os muitos canais do controle remoto. A poesia acontece sem pausa, sem vírgula, sem linearidade, bem quando a gente lembra de viver.
Viu?
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