Em 2016, faz 25 anos que estreou Thelma & Louise nos cinemas e a gente não podia deixar de falar dele aqui. Sabe por quê? Porque o filme de 1991 foi visto na época como libertador, feminista e precursor de um estilo que viria retratar mais aventuras com mulheres e amigas em papéis que antes eram tipicamente ocupados por homens. Foi o que aconteceu? Não exatamente, mas o filme continua valendo como destruidor de algumas barreiras.
O filme se passava nos anos 90 e conta a história de duas amigas que tiraram “férias” de suas vidas. Thelma, interpretada por Geena Davis, era casada e dona de casa. O marido era o pacote completo do machista idiota que não dava a mínima para mulher com quem se casou. Thelma obviamente se cansou dessa situação e resolveu tirar um final de semana viajando com a amiga Louise, interpretada por Susan Sarandon. Louise trabalhava como garçonete e era dona de uma personalidade incrível. Ela também estava cansada do seu relacionamento com o namorado e assim foi motivada a viagem das duas.
O que tinha tudo para ser uma viagem de muita diversão acabou se tornando uma aventura muito peculiar e com muitos homens idiotas pelo caminho. Thelma foi vítima de abuso e sua amiga Louise estava lá para defende-la. E muito foi acontecendo pelo caminho das duas até que elas viraram fugitivas da polícia e a história acaba tomando um rumo inesperado. São duas “fugitivas” de uma sociedade que só enxergava a mulher como um objeto, um enfeite. O filme é um desabafo de todo abuso emocional, físico e machista que as mulheres sofriam e infelizmente, sofremos até hoje. Mas elas não se calaram e foram conquistando seus espaços e fazendo o que tinham vontade e finalmente se sentindo livres – especialmente Thelma.
Em comemoração aos 25 anos do filme, a Harper’s Bazaar fez uma entrevista com as atrizes e elas contaram um pouco da impressão que o filme passou na época e visão delas sobre isso. Segundo a Susan, elas não perceberam na época que o filme seria uma declaração feminista, elas só estavam felizes de estrelar papeis “de homens”. Sobre a personagem dela, Louise, ela se preocupou muito para que não passasse a ideia de vingança. Durante o filme, ela tenta entender e contestar o assédio masculino sobre as mulheres, e o que faria os homens pensarem que tudo bem fazer isso, dando algumas lições de moral (de um jeitinho especial) nesses caras.
Já Geena Davis, a Thelma, conta que a imprensa esperava que os filmes mudassem a partir de Thelma & Lousie e que veríamos mais amigas em filmes de ação e que reescreveriam o cinema. Mas isso não aconteceu e parafraseando a maravilhosa: não mudou p*rra nenhuma. Ela ainda acrescentou:
“Hollywood supõe que mulheres verão filmes com homens, mas homens não verão filmes com mulheres. Callie Khouri, a roteirista de Thelma e Louise, tinha uma amiga escritora que enviou um roteiro com duas mulheres protagonistas, três anos depois de Thelma. Não tinha nada a ver com o nosso filme, mas os estúdios disseram que não, porque ‘já tínhamos Thelma e Louise’”. (tradução do Dias de Cinefilia)
Para comemorar o aniversário do filme, Susan contou que:
“Nós pretendemos visitar campus universitários, porque existe esse movimento atual para expor estupros que ocorreram nestes lugares e fazer com que os responsáveis sejam condenados. Você não precisa mais saltar de um precipício. Nós queremos falar sobre isso”. (tradução do Dias de Cinefilia)
Thelma & Louise é um filme de amor feminino. Sabe aquela frase “support your local girl gang”? Esse filme é a definição audiovisual para ela. É uma declaração feminista, é um desabafo que muitas mulheres puderam se identificar. E mais importante que a exposição dessa dor, é que ele motiva mulheres que se encontram reprimidas e dão um incentivo para que elas saiam dessa.
As mensagens de empoderamento estão por todo roteiro e nos mínimos detalhes. Vale a pena ver e rever (tem no Netflix) para que a gente lembre sempre que somos nós as controladoras de nossos destinos e somos donas de nossas próprias vontades.
baseado na tradução do artigo da Harper’s Bazaar (aqui).
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