A ”Talentos Modices”, nossa nova categoria aqui no blog vem para oficializar nosso apoio (e amor) aos novos talentos das mais diversas áreas, principalmente as mais artísticas – que costumam ser preteridas por aí. Por isso, abrimos o espaço para mais uma ilustradora maravilhosa (inclusive, nossa hashtag #modicesinspira está cheia de ilustras de vocês super lindas), a Claudia Souza, dona da Borogodó!
Fizemos algumas perguntinhas para ela sobre a profissão, dá uma olhada:
Qual sua relação com a ilustração? Como você percebeu que era isso que você queria fazer pra vida toda?
A ilustração me conecta com a infância, a gente tem uma relação bem divertida. Eu sempre fui uma criança bem imaginativa, gostava de criar histórias e adorava rabiscar criaturas malucas. Lembro como adorava o comercial da Faber Castell, lia muito a série Pingos, Turma da Mônica, assistia muito os desenhos do Hannah-Barbera e jogava videogame. As ilustras estavam ali o tempo todo, em formatos diferentes. Quando a gente cresce vai perdendo algumas coisas, mas a ilustração sempre me fez voltar. Gente grande precisa ser mais criança sim!
Foi acontecendo de um jeito bem espontâneo. A ilustra desperta o melhor em mim e acredito que isso passa para as pessoas que têm contato com meus projetos. Ver que o meu trabalho está deixando a vida mais colorida, leve… é sem dúvida um dos maiores motivos por ter escolhido a ilustração. Não sei se vou fazer isso a vida toda, mas enquanto estiver fazendo vou dar o meu melhor.
“A ilustra desperta o melhor em mim e acredito que isso passa para as pessoas que têm contato com meus projetos.”
O que ou quem te inspira no dia a dia a criar os desenhos?
A infância me traz muita inspiração. E não me refiro somente ao gosto por conteúdos infantis, porque a infância tem q ter a prática. Tem que dar risada, tem que fazer conexões descabidas, tem que brincar… é um estado de espírito. Minhas roupas não são sérias, no frio adoro trabalhar com minha touca do Wazowski, tem uma penca de bonecos no office e uma parede cheia de referências! Como trabalho principalmente no desenvolvimento de personagens isso me dá bastante repertório. O ilustrador é um cara que tem que observar muito, pra depois cruzar os dados e fazer as criações 
A inspiração também vem de gente incrível como Bobby Chiu, Mary Blair, Fredun Shapur e os brasileiríssimos Hiro e Eva Furnari. Eles trouxeram/trazem a infância de um jeito altamente imaginativo e peculiar, sem subestimar a inteligência das crianças.
Quando você percebeu que poderia transformar seus desenhos em produtos? Esse sempre foi o objetivo?
Quando começamos a Borogodó a ideia era dar continuidade aos meus projetos e dessa vez junto com o maridón, Alexandre Saito. Mas, no final do ano passado, resolvemos nos organizar e lançar também a lojinha, até pra ter mais uma fonte de renda, um pouco mais automatizada. O Xan teve um papel fundamental nisso, porque ele tomou a frente de tudo pra coisa funcionar, enquanto eu fiquei com a responsabilidade de criar a primeira Coleção nos intervalos dos outros projetos.
Nesse mesmo período eu tava me mudando pra Curitiba e procurando objetos bem brazucas pra decor do apê. Foi difícil de encontrar o que eu queria. No finalzinho do ano passado lançamos a loja com o objetivo de trazer coleções enxutas, que trouxessem referências de brasilidade de um jeito divertido. A gente queria trazer produtos com história, que falassem de temas cheios de significado. Lançamos a Coleção Bença, que traz alguns dos santos mais populares do Brasil. Tem sido uma delícia e estamos aprendendo demais com a freguesia! Agora também lançamos uma página dentro da Colab55 e lá vc encontra almofadas e cases com as nossas estampas.
“A gente queria trazer produtos com história, que falassem de temas cheios de significado.”
O que te dá mais prazer na profissão?
Na verdade é um conjunto! Adoro o processo de pesquisa quando estou envolvida com um projeto – aquela total imersão. Gosto muito de criar personagens, do começo ao fim. De ver que consegui chegar no resultado que queria naquele projeto, da “cria” pronta. De receber aquele email cheio de amor de um cliente feliz com o resultado ou uma ligação de um freguês da lojinha falando o quanto sua mãe amou o presente. Tem também o outro lado, aquele que normalmente não é falado, mas que com certeza é muito feliz: o fato da ilustração permitir que eu tenha a vida que quero levar. Isso é muito importante: você escolher uma profissão e ela viabilizar aquela viagem dos sonhos, aquele jantarzinho naquele restaurante q você ama… isso sem dúvida é de deixar qualquer um com sorriso de orelha a orelha!
O que você tem a dizer para quem quer ser ilustrador também?
Depois de vários emails aflitos que recebi das pessoas que querem trabalhar com isso, resolvemos lançar um curso pra quem quer começar na área (em primeira mão aqui no Modices). O curso será online e acredito que vamos lançar ainda esse mês.
Mas o que mais vejo hoje em dia, é o cara que curte desenhar e tem vontade de viver disso, mas não sabe muito bem por onde começar e muitas vezes não sabe fazer as perguntas certas. Acha que tudo o que contempla a vida de um ilustrador é saber desenhar muito bem, ter uma técnica impecável, de saber mexer nos softwares. E não é. Ele tem q ir atrás de boas referências, pensar na ilustração além da estética, praticar muito sim, mas sem esquecer de pensar que ele quer transformar seu talento em negócio. Se informar sobre contratos, direitos autorais, falar com pessoas que já trabalham com isso pra entender como é o mercado… Saiba sempre equilibrar o desenvolvimento de sua técnica com o seu olhar comercial e seja feliz!
Veja mais sobre a Borogodó na lojinha, no colab55 ou no Insta.
E você? Tem um super talento, é independente e quer compartilhar conosco? Ou conhece alguém que você acha a cara desse post e do Modices? Conta aqui!
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