Até pouco tempo atrás, ver séries com mulheres em papéis principais não era tão comum. Havia as exceções, claro, como a eterna (e maravilhosa) Lorelai Gilmore ou a badass Buffy. Mas mesmo as exceções seguiam aquele clássico exemplo modelo de mulheres perfeitas – com um comportamento “ideal” – ou então faziam parte de enredos focados na comédia, sem muita profundidade. Vale ler esse post da Pri Ferrari sobre os 4 estereótipos femininos na mídia.
Hoje em dia, isso vem mudando e temos personagens femininas cheias de personalidade, vivendo enredos que fogem do básico e valores que vão dos mais tradicionais aos mais errados possíveis. Nada de mocinhas que vivem em prol do mocinho ou qualquer relacionamento amoroso, ou protagonistas sem falhas e defeitos, que vivem conflitos sem nenhuma complexidade que são resolvidos até o final do episódio.
Reunimos cinco sugestões (para todos os gostos e públicos) que celebram mulheres reais nas séries de TV, olha só:
»Scandal
Para começar bem a lista, uma protagonista que não apenas é uma mulher, mas uma mulher negra e bem sucedida na sua carreira. Palmas triplas pra a série! Criada por Shonda Rimes (sim, aquela que acaba com a sanidade de todo mundo em Grey’s Anatomy), Scandal traz no papel principal Olivia Pope, ex-Relações Públicas de ninguém menos que o Presidente dos Estados Unidos que decide abrir sua própria empresa de crisis management (administração de crise). Em bom português, uma empresa especializada em esconder os escândalos e bafafás da elite americana da mídia.
veja aqui 5 motivos para amar Kerry Washington (Olivia Pope)
»The Fall
Série policial + detetive feminina poderosa = minha combinação preferida! E quem melhor para ilustrar esse exemplo do que Stella Gibson? A história, que já está indo para a terceira temporada gira em torno de uma série de crimes de abuso sexual contra mulheres na cidade de Belfast, na Irlanda. Stella, uma detetive sênior – sim, uma mulher em posição de comando -, é chamada para ajudar a polícia local a encontrar o criminoso. Como acontece em quase todos os ambientes predominantemente dominados por homens, como o departamento de polícia, Stella acaba tendo que lidar com várias situações machistas ao longo do caminho.
Mas engana-se quem acha que ela se deixa abalar: Stella não atura sexismo de nenhum tipo e sua melhor munição é a sua própria inteligência e seus argumentos embasados. Além disso, Stella é uma mulher que sabe o que quer e quando quer e já deixa isso bem claro logo no primeiro episódio, quando chega em seu hotel depois de um longo dia de trabalho, pede uma taça de vinho e liga para o policial bonitinho que conheceu para dormir com ela. Assim, sem compromisso, porque ela está com vontade.
»Masters of Sex
A série conta a história real (quem mais adora?) de dois pioneiros no estudo da sexualidade humana e responsáveis por uma verdadeira revolução sexual, Dr. William Masters e Virginia Johnson, pesquisadores da Washington University. Passada na sociedade de 1950, a história tem um grande foco na vida de Virginia, uma mulher liberal e a frente do seu tempo, mas que vive em uma sociedade ainda muito puritana. Virginia não apenas se divorciou duas vezes e tem dois filhos, como leva uma vida sexual ativa, ou seja, quebra todos os padrões da época! Virginia também não deixa nenhum homem – nem William – interferir na sua vida pessoal ou profissional. Go girl!
Aliás, vale dizer que o grande trunfo da série é ser escrita e desenvolvida por um time composto em sua maioria por mulheres e elas até criaram uma regra bem diferente e essencial na hora de criar roteiros: toda e qualquer cena de sexo da série deve ter um motivo e alguma conexão com a história. Em outras palavras: não podem servir apenas de chamariz de audiência.
»Agent Carter
Muito tem se discutido sobre o papel das mulheres nos filmes de super-heróis recentes. A começar pelo pouco espaço que elas ganham e por servirem quase sempre como coadjuvantes das histórias principais dos personagens masculinos. Peggy Carter chegou para mudar isso e é merece muitas estrelinhas no quesito maravilhosidade (que eu acabei de inventar, por sinal). A personagem, que foi introduzida no universo do Capitão América fez tanto sucesso que acabou ganhando sua própria série, que se passa depois dos eventos do filme, no final da Segunda Guerra Mundial.
Apesar de ser super inteligente e capaz, ela é forçada a trabalhar como secretária na Reserva Científica Estratégica, onde todos os homens a tratam com inferioridade por ser mulher. Longe de se deixar abater, Peggy mostra todo seu valor com seu trabalho e ainda utiliza a imagem de mulher fraca que as pessoas têm dela a seu favor. Quem precisa de Capitão América com Agent Carter?
»The Honourable Woman
A minissérie, de oito episódios, tem como personagem principal Nessa, de uma família anglo-israelense que herda do pai o seu negócio de armas. Pensa numa mulher muito inteligente, extremamente decidida e forte até dizer chega. Agora imagina tudo isso no cenário tenso do Oriente Médio, no meio da crise entre Israel e a Palestina, e onde o papel das mulheres e a situação política e social é crítica. Se você gostou de Homeland (que, aliás, vale ver também), vai a-m-a-r The Honourable Woman. Não é a toa que a série conquistou a crítica, o público e vários prêmios importantes. Ah, desmarque todos os compromissos do dia. Depois que você começar, só vai conseguir parar quando chegar ao final.
Sabe o mais legal de todas essas personagens que eu citei aqui? Nenhuma delas é perfeita. E nem tentam ser. Longe disso. Elas erram, se machucam, machucam as pessoas que amam, mas aprendem, dão a volta por cima e continuam suas vidas, para melhor ou pior. Elas tem histórias de vida interessantes, nem sempre conquistam um final feliz, queriam voltar atrás às vezes e de vez em quando se arrependem de suas escolhas. Igualzinho a mim e a você. Real.
Para terminar, fico feliz de dizer que a lista acabou por aqui não por falta de mais personagens femininas incríveis, mas porque tenho um limite de espaço (alô, produção!). Mas vou ficar de olho e esperar o comentário de vocês com mais sugestões de séries e personagens, ok?
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